A importância de se destacar com características simples e diferenciadas.
Consegue identificar a diferença entre estes dois grupos de garrafas?
Se não sabe, a resposta está no final deste texto – mas convido-o a olhar apenas quando terminar de ler.
No mundo dos Fast-Moving Consumer Goods (FMCG) é justo dizer que o vinho é a categoria mais complexa de todas? Indiscutivelmente sim. Normalmente é a categoria que ocupa a maior proporção de prateleira em supermercados e a maior proporção na lista de bebidas em restaurantes. A complexidade natural do mundo dos vinhos vem na forma de milhares de castas e infinitas possibilidades de mistura. Depois, há diferentes regiões e países de origem, bem como cor, método de produção, sabores, grau alcoólico, idade, madeira, packaging, preço, etc. A lista de combinações é infinita. Quem de nós nunca se sentiu perdido ou até mesmo um estranho num ou noutro momento quando é hora de escolher um vinho?
Só numa ProWein, a Wine Intelligence estima que hajam mais de 150.000 vinhos exclusivos em exibição. E todos com argumentos relevantes para lá estar. Mas quando pedimos aos consumidores que nomeiem as marcas de vinho de forma espontânea nos nossos inquéritos Vinitrac®, o consumidor regular de vinho norte-americano médio, por exemplo, só consegue se lembrar de quatro.
Então, quando se é pequeno, como a maioria dos produtores o são, particularmente em países do velho mundo como Portugal, como se sobrevive contra toda a concorrência? A resposta a esta pergunta é altamente subjetiva e depende de fatores circunstanciais. Mas, se falamos de produtores de uma região, a última década mostrou-nos que não há nada mais poderoso do que um grande grupo de pequenos produtores a tirar o melhor partido da sua região de forma planeada, organizada e consistente. A palavra mais importante aqui é “consistente”. Em termos de líquido, mas também em termos de packaging. Quanto mais consistente, mais volume comum se cria, e mais facilmente se ganha notoriedade nos mercados.
Não me lembro quantas vezes ouvi produtores de todo o mundo a nomear “diversidade” como a principal característica da sua própria região de origem. Isso é óptimo do ponto de vista da enologia, mas do ponto de vista do mercado, histórias de diversidade pura e simplesmente não funcionam. Principalmente quando se é pequeno, num mundo tão grande, pois não há nada de concreto para memorizar, mas sim muitas coisas diferentes. E os mercados gostam de coisas simples de memorizar. O comércio internacional e os consumidores em geral querem saber mais sobre vinhos à volta do mundo, mas não querem explicações complicadas.
Histórias que, sendo diferenciadas, mas também simples, vão ganhar. Os mercados gostam particularmente de quando se fala sobre singularidade de uma região, de um grupo de produtores unidos. Os mercados adoram grupos de produtores de uma região que trabalham consistentemente, ano após ano, para um estilo de vinho único, no melhor que o terroir dessa região produz.
Na última década, três regiões em particular compreenderam a importância da consistência e de serem únicas e fizeram um excelente trabalho na forma como se apresentaram nos mercados com um estilo único e distinto, produzido por muitos produtores e, muito importante, com um packaging fácil de associar: Provence, Marlborough e Prosecco. Desafio-o a tentar perceber quais são os elementos chave que fazem com que estes vinhos façam definitivamente parte das suas regiões.
Portanto, para finalizar, o grupo de imagens à esquerda é claramento Prosecco, já que o formato de sua garrafa passou a especificar o vinho espumante desta região e deste país. Há algo indiscutivelmente italiano nestas garrafas. Um estilo vencedor, como o Prosecco, é vencedor também porque se consegue destacar no meio de muitas outras garrafas, da mesma forma que Champagne e Sauvignon Blanc da Nova Zelândia o fazem.
Outros exemplos de estilos que conseguiram centralizar a consistência e unicicidade na sua estratégia:
Email: Luis@wineintelligence.com
Leave a Reply
Want to join the discussion?Feel free to contribute!